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Uma eterna estudante...

sexta-feira, outubro 26, 2007





Estes foram os caminhos que este blogue percorreu hoje. Not bad! ;) Só faltam os comentários de quem trabalha nesta área. :D Decorre entretanto um pequeno inquérito aos visitantes do lado esquerdo deste ecrã, que tem por objectivo conhecer melhor quem nos visita. Agradeço a todos os que já participaram e antecipadamente aos que participarão.


Reflexões em volta de uma experiencia na Comunidade Ning (IV)

Os AVA para além do e-learning

Creio que entre nós não subsistem mais dúvidas sobre a importância dos AVA num contexto e-learning. Se não queremos fazer dos nossos AVA um simples repositório de conteúdos, devemos explorar todas as potencialidades que nos são oferecidas pela web 2.0 para tornar o ensino/aprendizagem mais participativo, mais reflexivo, mais construtivo, mais próximo do ambiente físico e consequentemente mais próximo das novas exigências da sociedade actual. Se no e-learning poucas hipóteses temos senão esta de concretizar esse objectivo, o grande desafio coloca-se em fazer valer os instrumentos virtuais num contexto de ensino/aprendizagem em sala de aula. A solução não está unicamente na disponibilização de meios que as instituições de ensino/formação colocam ao serviço da aprendizagem, afinal os meios até podem existir, mas por vezes não sabemos como adaptá-los às nossas necessidades. É necessária, na minha opinião, uma boa dose de iniciativa mas também de criatividade pela parte do professor e a partir daí, bem temos verificado que pouco é impossível de ser representado virtualmente com as possibilidades tecnológicas que temos actualmente. Mais ainda, a web 2.0 derrubou todas as fronteiras e diluiu todas as distâncias o que significa que temos um mundo inteiro para aprender e com o qual aprender; por exemplo, na aprendizagem de línguas, os “pen friends” podem ser substituídos por “digital friends” espalhados um pouco por todo o mundo, possibilitando uma aprendizagem que para além de ser contextualizada ainda permite e fomenta a partilha e as comunidades de prática. As ferramentas que fomentam a partilha de conteúdos (texto, fotos, áudio, vídeo...), a possibilidade de manipulação colectiva de objectos em 3D e os mundos virtuais deixam pouca margem para dúvidas: quase tudo pode ser experienciado e praticado mesmo dentro da sala de aula permitindo a aquisição de saberes com aplicação visível e desenvolvendo competências aplicáveis ao que o mercado de emprego espera dos futuros profissionais.

Reflexões em volta de uma experiencia na Comunidade Ning (III)

Blogue, Fórum de Discussão

Uma das características mais interessantes do Ning é a “partilha forçada do blogue” entre os elementos que constituem a comunidade. Esta característica pode ser muito enriquecedora em termos de aprendizagem, em primeiro lugar porque nos força a seleccionar o conteúdo do blogue e a reinscrevê-lo naqueles que são os interesses e objectivos da comunidade, em segundo lugar porque mais uma vez se constrói o sentido de comunidade e de pertença – o que escrevo “no meu” blogue pertence a todos e todos os outros blogues, são, em parte, o meu .

O Fórum de discussão foi talvez o contexto onde a experiência colaborativa, apesar de não ter sido negativa, poderia ter sido melhor. Pese embora o facto de algumas intervenções dos colegas terem suscitado algum tipo de discussão e partilha de opinião/ideias, poderíamos ter sido mais interventivos, mais reflexivos, mais “questionadores”. Talvez a causa para alguma “unidireccionalidade” das intervenções, resida no facto das questões colocadas serem demasiado directas, o que nos levou a responder directamente. Na minha opinião e face às experiências que tenho vivido em fóruns desta natureza na nossa plataforma moodle, parece-me que a forma como nos é pedida a tarefa condiciona em muito (senão totalmente) a qualidade das respostas e a interactividade das actividades/tarefas. É como se de alguma forma, o tipo de estímulo “forçasse” o tipo e a qualidade da resposta. Por outro lado, nós como alunos também temos responsabilidade – talvez, em alguns casos, tenhamos perdido a oportunidade de a partir de algumas intervenções colocar novas questões que estimulassem o fórum. Na verdade, temos de admitir, como alunos preocupamo-nos em primeiro lugar em cumprir as tarefas no timming que nos é pedido pelo tutor e depois de fazê-lo direccionamos para segundo plano um trabalho extra que nos exige a análise atenta de todas as contribuições que eventualmente poderão levantar outras discussões que permitissem o tal processo de negociação e apropriação da aprendizagem. A sensação que tenho é que também eu deixei passar algumas oportunidades…

Reflexões em volta de uma experiencia na Comunidade Ning (II)

Comunidade de Aprendizagem

É verdade que já falámos e discutimos muito, em diversas disciplinas sobre o conceito de comunidade de aprendizagem, mas a experiência Ning permitiu-nos de alguma forma, colocar à prova nossa própria comunidade. Refiro-me às características mais humanas de cada um de nós (para além do nosso papel de estudantes) e que passam por coisas simples como conhecer os gostos pessoais de cada um, nas mais diversas áreas. Foi curioso observar como se geraram diálogos e comentários a propósito de um filme, de uma música, de um livro ou de uma fotografia e a partir daí se partilharam histórias de vida pessoais. Poderia até dizer-se que para o objectivo de aprendizagem em questão este tipo de comentários seria completamente dispensável, mas a minha perspectiva do que aconteceu é um pouco diferente: a propósito desses diálogos aparentemente parasitas conhecemo-nos melhor, mas para além disso e numa primeira fase de euforia no nosso Ning, partimos para a partilha de objectos que se prendiam com os nossos gostos pessoais, fossem fotos, músicas ou filmes. Sem darmos conta, espontaneamente, já estávamos a explorar outras ferramentas web 2.0 e essa partilha que se fez um pouco por entre todas as pessoas do grupo/turma, é na minha opinião uma das actividades que melhor define a oportunidade de partilha, sem que se espere nada em troca, sendo este um dos traços característicos do que nos é potenciado pela Web 2.0. Este fenómeno poderá ter contribuído para a construção de uma comunidade mais unida e mais forte [1]. Talvez por isso, eu acredite que a integração num contexto idêntico ao Ning possa ser uma boa estratégia a utilizar ao início de um curso em e-learning, uma vez que favorece boas condições para a construção de uma comunidade de aprendizagem.

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[1] A aprendizagem é encarada como uma aventura colectiva em que cada elemento contribui com uma peça para a construção de um grande puzzle. Há portanto um elevado grau de interdependência entre os elementos que constituem uma comunidade: ninguém aprende sozinho o que aprenderá em grupo e a aprendizagem do grupo não se constrói sem a partilha de cada um individualmente. Como cada elemento pertencerá a outras comunidades que se prendem com os seus interesses pessoais, profissionais e sociais a transferência de saberes passa, em última análise, de umas comunidades a outras, permitindo a construção de uma rede para além da que se estabelece entre os membros de uma única comunidade.

Reflexões em volta de uma experiencia na Comunidade Ning (I)

E quem disse que as comunidades online servem só de entretenimento e namoros virtuais? Eu própria há dois anos atrás. A minha perspectiva hoje é totalmente diferente. As oportunidades de ensino-aprendizagem das ferramentas web 2.0 são imensas. Segue a minha reflexão sobre uma experiência vivida em turma, numa comunidade criada no Ning (Contexto Web 2.0) que para já não está disponível ao público em geral, pois está a ser objecto de investigação para uma dissertação de mestrado.

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Aprendizagem Situada/Contextualizada

Imagine-se que o que seria aprender o ofício de mecânico no banco da escola, sem que o aprendiz tivesse oportunidade de explorar um carro em todas as suas componentes, sem nunca manipular cada uma das suas peças e sem ter a oportunidade de montar e desmontar um motor utilizando as ferramentas adequadas [1]. Esta situação seria idêntica à formação de tutores/professores online, numa sala de aula presencial, ainda que perante um computador com ligação à Internet mas sem nunca recorrer à experiência de viver e sentir a distância física (e as limitações que daí advêm) a mesma que os futuros tutores/professores e os seus alunos viverão no futuro em contexto de e-learning. Na mesma linha de raciocínio, imagine-se ainda que na disciplina de Ambientes Virtuais de Aprendizagem aprenderíamos os conceitos de “ambiente virtual de aprendizagem”, “comunidade de aprendizagem”, “web 2.0”, sem que explorássemos as ferramentas que nos permitem criar um contexto de aprendizagem com base (ou com fim) numa comunidade de aprendizagem. Ser-nos-iam entregues documentos para ler sobre a web 2.0 e as suas aplicações no ensino/aprendizagem. Mas no fim, o que teríamos aprendido? Saberíamos imenso sobre as ferramentas da web2.0 e as suas potencialidades, mas saberíamos aplicar esses conhecimentos? [2]

A aprendizagem em contexto ou situada foi talvez uma das grandes mais valias da nossa última actividade em AVA:

- Com base no Ning construímos um contexto de aprendizagem para utilizar e experimentar uma ferramenta da Web 2.0;

- A propósito do Ning fomos procurar e explorar outras ferramentas da Web 2.0;

- A pesquisa e exploração de outras ferramentas conduziu-nos na reflexão sobre a utilização que estas poderiam ter num contexto de aprendizagem (virtual-real) e na nossa actividade e contexto profissional. Desta pesquisa e reflexão surgiram ideias de colegas que são muito interessantes e que provavelmente vão ser colocadas em prática por muitos de nós com os seus alunos/formandos.

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Notas:

[1] Até ao advento da Escola de Massas, o modelo de aprendizagem dominante foi o Contextualista à semelhança do que teorizou Vygostky no início do século XX. Aprendizes e Especialistas, convergiam na criação de uma determinada aprendizagem em constante interacção com o contexto e por isso eminentemente prática. A chegada da Revolução Industrial no século XIX trouxe às sociedades desenvolvidas necessidades cada vez mais imediatas na formação dos seus recursos humanos, pelo que se tornou necessário formar cada vez mais trabalhadores num curto espaço de tempo. A aprendizagem situada perdeu-se nos meandros do necessário imediatismo e as escolas abraçaram o mesmo modelo industrial. Para formar mais e rapidamente substituiu-se o contexto profissional pela sala de aula e os especialistas por manuais, resultando daqui uma aprendizagem na maioria dos casos descontextualizada e desenquadrada da realidade e verdadeiras necessidades do mercado de trabalho.

[2] A aprendizagem só é significativa se for resultado da prática. Da experiência prática e perante novos problemas podem resultar adaptações criativas a novos contextos dando origem a novas práticas.

Web 2.0 o que é?







A web 2.0 permite uma produção colaborativa e uma partilha de produtos/conteúdos à escala mundial. Alguns autores já apontam como principal característica da Web 2.0 a Inteligência Colectiva o que considero ser um termo bastante curioso e elucidativo das potencialidades daquilo que podemos interpretar como a "web do povo". Esta partilha pode aplicar-se a todas as áreas da dimensão humana, desde os encontros sociais, ao entretenimento, passando pela participação cívica e política e claro está, o que mais nos interessa, a educação.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Elas e Eles: Estereótipos

Avaliação de Competências em e-Learning

Andei a pensar sobre a questão da avaliação de competências do e-estudante....

Se considerarmos a típica taxonomia de Bloom, parece simples avaliar o domínio cognitivo mas aparentemente é complicado avaliarem-se as competências nos domínios psicomotor e sócio-afectivo. Acontece que sentimos exactamente as mesmas dificuldades em regime presencial ;).

É possível fazer um levantamento +/- exaustivo dos instrumentos que poderemos utilizar no e-learning para avaliar cada um desses domínios, tal como aprendemos em AAO e em EAT, mas tomarei aqui uma outra perspectiva. Uma perspectiva integradora e articulada de avaliação do saber/saber, saber/fazer, saber/ser-estar (Okada & Almeida, 2006).

Na verdade o e-learning até tem algumas vantagens face ao presencial. Em regime de e-learning o professor consegue acompanhar o percurso individual do aluno "por dentro" da situação.

A observação de alguns indicadores permite-nos essa avaliação integradora (Okada & Almeida, 2006), a saber: a) autonomia do aluno; b) relação teoria-prática; c) dimensão individual e colectiva e d) afectividade.

a) O aluno autónomo envolve-se nas actividades propostas, identifica as suas dificuldades e disponibiliza-se para pensar em alternativas. Compromete-se, questiona, solicita apoio. Revê as suas estratégias e partilha-as. O professor pode verificar se o aluno está a desenvolver a sua autonomia questionando-o sobre a sua evolução e passando para ele a tarefa interna de se acompanhar a ele próprio.

b) Teoria e prática estão necessariamente interligadas, assim como os processos de conhecer e agir. No processo de aprendizagem relacionam-se os conhecimentos prévios (background) e as experiências de vida com as dúvidas e incertezas. A capacidade de relacionar a teoria com a prática implica também a habilidade de procurar alternativas/respostas, como a de questionar; implica emoções com pensamentos, escrita com leitura, planeamento com execução, reflexão com diálogo, exteriorização com interiorização, possibilitando desta forma a integração do conhecer-ser-fazer.

c) Dimensão individual e colectiva: cada aluno é diferente, singular na forma de ser, sentir e agir. As interacções nos fóruns entre os participantes permitem observar o todo que compõe as construções, as trocas, as colaborações e as produções colectivas. Sem contudo esquecer as dimensões, com naturezas necessariamente diferentes, do todo e de cada uma das partes.

d) A afectividade está sempre presente em todas as interacções humanas independentemente do meio que se interpõe entre elas e é também a afectividade que em grande parte define as circunstâncias, o clima, o ambiente em que se desenvolve a aprendizagem. Sentir e pensar estão imbricados um ao outro e permeiam o processo de ensino-aprendizagem (…) abrindo espaço (…) para o envolvimento e para o prazer resultante de aprender.

Okada, A; Almeida, F (2006). Avaliar é bom, avaliar faz bem. Diferentes olhares envolvidos no ato de aprender. Pp267-287. Avaliação da Aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola

segunda-feira, outubro 22, 2007

Avaliar Competências

"Competências são reportórios de comportamentos que algumas pessoas e/ou organizações dominam, o que as faz destacar de outras em contextos específicos" (Leboyer, 1997) [1]. Isso significa que avaliando dois sujeitos, ainda que o produto final seja exactamente o mesmo, um poderá mobilizar determinado tipo de competências com mais sucesso do que outro e nesse caso, é bem provável que estejamos a falar de competências que não podem ser quantitativamente mensuráveis.

Entramos mais uma vez nos vários domínios das competências... Se aparentemente é fácil avaliar os domínios do saber/saber e saber/fazer, como avaliamos o saber/ser e o saber/estar? Mais... como avaliamos os domínios do querer-fazer e do poder-fazer (Cécil, M. 2006)? [2]

Retomo uma questão que o Prof. Luis Tinoca nos colocou : "(...)é preciso dominar as competências simples para poder apreender as complexas. O problema é quando não se dá o passo seguinte! Mas qual será o passo seguinte!?" (Sexta, 12 Outubro 2007, 11:20). É preciso querer, estar motivado, viver e adoptar essa competência como natural, parte de si. Competências não podem ser sinónimo de tarefas realizadas a esforço, aliás, competências não são tarefas (Gonçalo, 22 Outubro 2007, 11:29). Como alguém que nunca poderá ser um bom cozinheiro porque não gosta de cozinhar. Podemos forçá-lo a desenvolver todas as competências que se exigem a um cozinheiro?

Talvez a avaliação de competências a este nível tenha de ser ponderada individualmente no contexto, e não padronizada; personalizada ao sujeito que está a ser avaliado (mas na comparação com outros?).

Por outro lado, se as competências se desenvolvem ao longo da vida e se os recursos mobilizados são internos ao sujeito, não fará sentido avaliar também o potencial do indivíduo?

Ressalvando aqui o papel da auto-avaliação como instrumento metacognitivo na construção de competências complexas, não terá o próprio uma noção mais exacta do que domina, das dificuldades que tem e das competências que poderá desenvolver?


[1] Cit. in Lara, J. Silva, M. (2004). Avaliação de desempenho no modelo de gestão por competências: uma experiência de utilização. Disponível em: http://www.psicologia.com.pt/artigos/ver_artigo_licenciatura.php?codigo=TL0001 [2] Cit. in Neves, A. Portal Kmol: Gestão e Desenvolvimento de Competências. Disponível em: http://www.kmol.online.pt/livros/cei06/cei06_1.html

quinta-feira, outubro 11, 2007

Níveis de Competências (III) - Agir Autonomamente

A terceira grande categoria das novas competências sugeridas pelo projecto DeSeCo é a competência para Agir Autonomamente, o que já sabemos, não é sinónimo de agir isoladamente.

Agir autonomamente significa aqui responsabilidade individual que deve ser assumida pelos indivíduos nos diferentes contextos em que actuam sejam eles o contexto laboral, social ou familiar.

As competências associadas a esta categoria são:

- a capacidade de agir individualmente de acordo com o contexto geral em que o indivíduo está integrado (reconhecendo padrões, normas, culturas, práticas..) e identificando as consequências das suas acções nesse contexto;

- capacidade de conduzir/assumir os projectos pessoais;

- conhecer e reconhecer os seus direitos e obrigações.

(*) Directorate for education, employment, labour and social affairs education committee governing board of the ceri (2002). The definition and selection of key competencies Executive Summary. http://www.oecd.org/dataoecd/47/61/35070367.pdf

Níveis de Competências (III) - Interacção em grupos heterogéneos

Esta competência de interacção em grupos heterogéneos é apelidada no relatório de "Capital Social". Este capital social que é fundamental para o trabalho em equipa, cooperativo e construtivo nesta "aldeia global".

São competências desta categoria todas aquelas que fomentam o diálogo:

- a capacidade de inter-relação com os outros (empatia e inteligência emocional);

- a cooperação (apresentar ideias e ouvir as ideias dos outros, construção de alianças tácticas e sustentáveis, negociação e capacidade de tomar decisões fomentadas em diferentes pontos de vista)

- boa capacidade de gestão de conflitos


(*) Directorate for education, employment, labour and social affairs education committee governing board of the ceri (2002). The definition and selection of key competencies Executive Summary. http://www.oecd.org/dataoecd/47/61/35070367.pdf

Níveis de Competências (III) - Uso de Ferramentas Interactivamente

O uso de ferramentas interactivamente está relacionado com a capacidade que o indivíduo tem de usar uma série de ferramentas não apenas como mediadoras de uma determinada acção, mas como um instrumento de diálogo entre o individuo e o ambiente/contexto que o rodeia. Segundo o relatório da OCDE (*) o uso de ferramentas interactivamente abre novas possibilidades no modo como os indivíduos percepcionam e se relacionam com o mundo.

Estas ferramentas poderão ir do simples uso interactivo da linguagem, textos e símbolos, à utilização que fazemos das potencialidades inerentes às novas tecnologias e à forma como usamos e aplicamos o conhecimento e a informação a que temos acesso em relação com o contexto social, cultural e político no qual agimos.

Posso escolher escrever aqui neste fórum sem qualquer tipo de emoticons que dê vida e expressão às minhas palavras. Naturalmente, eu posso utilizar o computador como se apenas se tratasse de uma máquina de escrever. Posso saber como se faz um blogue e achar os blogues perfeitamente inúteis para as minhas aulas e para os meus alunos. A questão que se coloca é até que ponto eu sou capaz de equacionar o facto de que as ferramentas e conhecimento que já disponho poderem ou não contribuir para o desenvolvimento da minha actividade, de mim como ser humano e do papel que eu, como actor social, desempenho.



(*) Directorate for education, employment, labour and social affairs education committee governing board of the ceri (2002). The definition and selection of key competencies Executive Summary. http://www.oecd.org/dataoecd/47/61/35070367.pdf

Níveis de Competências (II)

Explorando um pouco o relatório da OCDE, conclui-se que as competências são mais do que simples conhecimento sobre uma determinada matéria ou habilidade. Diz-se no relatório que as competências implicam que o sujeito mobilize uma série de recursos psico-sociais num determinado contexto.

Se observarmos atentamente os recursos mobilizados (o uso de várias ferramentas interactivamente, a interacção com grupos heterogéneos e a autonomia) verificamos que são exactamente o mesmo nível de competências que se espera dos trabalhadores do século XXI. Se bem me recordo, é exactamente desta flexibilidade que nos fala Peter Drucker, embora não tenha aqui presente nenhuma obra deste autor.

Trata-se efectivamente de ser suficientemente flexível para lidar com as constantes alterações no mercado de trabalho também ele globalizado, para sentir o pulso das novas necessidades e objectivos pessoais mas também sociais. Isto implica um constante esforço de adaptação e formação ao longo da vida, fazendo dos obstáculos um grande desafio.

Perguntamo-nos muitas vezes como e porquê algumas pessoas têm tanto sucesso numa época em que as dificuldades parecem ser tantas e irresolúveis. Fazendo fé neste documento da OCDE talvez o grande segredo esteja exactamente na perspectiva como estas pessoas encaram as dificuldades. Há aquelas que perante as dificuldades assumem a derrota e as outras que vêem nas dificuldades a grande oportunidade de desenvolvimento e crescimento. Definitivamente, uma postura deste género implica um nível de maturidade muito elevado, mas também uma boa dose de criatividade e de inovação.

Visto tratarem-se de competências bem mais do que simplemesmente mecânicas - são psico-sociais - creio que o grande desafio está em saber como vamos desde os primeiros anos de escola, formar/treinar as nossas crianças e jovens para esta nova perspectiva...

Pessoalmente não entendo a formação ao longo da vida como estandardizadora de competências; bem pelo contrário. O tempo da especialização e estandardização já terminou, pelo que é necessário que ao longo da vida se adquiram e desenvolvam novas competências, sobretudo para sobreviver a um mercado cada vez mais globalizado e competitivo. Não há empresas que durem toda a vida ou sobrevivam a gerações como até há 20 anos. Isto implica que um determinado trabalho também deixou de ser para toda a vida. Se cairmos na normalização e na especialização exclusiva, basicamente estamos perdidos.

Ou seja, os mais adaptados serão os que mais potencialidade têm de ter sucesso. A inovação surge de um conjunto heterogéneo de competências, de olhar a realidade como um todo e no encontro de soluções porventura até simples que respondam a novas necessidades.


Níveis de Competências (I)

As competências elementares surgem associadas a processos cognitivos relativamente simples e associados ao instrumentalismo/behaviorismo e as mais complexas, por requerem "habilidades" metacognitivas surgem associadas ao construtivismo e à aplicação por parte dos professores de métodos activos. Este aspecto assume-se como especialmente interessante nas vertente didáctica e pedagógica, uma vez que assumindo um ou outro modelo há uma base de orientação que deve ser clara aquando da formulação de objectivos e definição de competências de um qualquer percurso de aprendizagem.

Os métodos que seleccionamos estão directamente relacionados com os objectivos e as competências que pretendemos desenvolver. Logo, se pretendemos que se desenvolvam competências complexas não nos bastam os métodos expositivos, demonstrativos ou interrogativos. Isto é, há que ir para além do aferir se os formandos/alunos "sabem" simplesmente.

Depois há o caso daqueles que não passam às competências seguintes (mais complexas), apesar de estarem de acordo com a sua idade e maturidade e ao desenvolvimento psico-motor (estádios de Piaget). Supondo que não se passa ao estádio seguinte, o que fazer?

quinta-feira, outubro 04, 2007

Objectivos e Competências - Deve haver alguma diferença... (2)

Imaginemos o seguinte exemplo: um professor de física pergunta numa oral a um aluno se ele conhece a Teoria da Relatividade. O aluno, responde que conhece. Basta?? Isso até eu sei!!! E=mc2. É preciso é que eu entenda o que estou a dizer.

Talvez então, seja melhor medir o que ele sabe... pode resolver um exercício. Para além de considerar o simples certo ou errado poderemos medir o tempo em que o resolveu (assumindo um critério de tempo mínimo para a resolução), o número de erros que deu ou a destreza dos cálculos.

terça-feira, outubro 02, 2007

Objectivos e Competências - Deve haver alguma diferença... (I)

Afinal, os objectivos são ou não diferentes das competências a desenvolver num determinado curso?

Pressupõem-se que quem vai para um curso de condução aprenda a conduzir - Objectivo.

No meu primeiro exame de condução eu conduzi muito bem durante uns 10 km (Benfica-Pontinha-Restelo), mas chumbei. Ora bem, supostamente se o objectivo era saber conduzir eu deveria ter passado, não concordam? Acontece porém, que após umas 7 tentativas eu não consegui estacionar o carro - (in) competência - e por isso chumbei face ao desespero de quem me avaliou.

A carta não foi dada apesar de eu ter aprendido a conduzir. Supõem-se então que é considerado apto a conduzir aquele que para além de saber conduzir um carro, cumpre rigorosamente o código da estrada, acciona todas a medidas de sinalização à condução segura e entre outras competências, estacione o carro correctamente em local seguro.

Concluindo, parece-me então que os objectivos neste sentido não são suficientes. Para que se cumpra um objectivo é necessário fazê-lo corresponder a uma série de competências. Há quem lhes chame até "objectivos específicos"... que por acaso são um drama para se definirem porque implicam a decomposição ao pornemor de todos os "saber-fazer" que se traduzem num saber/meta geral. No caso do meu exemplo estapafúrdio, saber conduzir. E daí, talvez o exemplo que acabei de dar não chegue para definir competências...