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Uma eterna estudante...

quinta-feira, maio 31, 2007

A Escrita Reestrutura a Mente

Nos tempos em que apenas a oralidade existia, a noção de espaço e de tempo era diferente. Contudo, o conhecimento e a história desses tempos chegou até nós mesmo assim. Como foi isso possível?

Acontece que, sendo poucos os recursos, o ser humano fazia um melhor uso daquilo que tinha, ou se quiserem, optimizava os recursos que tinha ao seu dispor, no caso, a memória auditiva. Como se mantiveram e chegaram até nós alguns pressupostos dessa memória cultural? Através de prosas e rimas - códigos narrativos dramatizados, emotivos, musicais e/ou acompanhados de rituais. (Lembram-se de como cantávamos a tabuada? Um vezes um uuuummmm, dois vezes dois, quuuuaaaatro)

O uso deste tipo de discurso (que mais tarde, mesmo sendo escrito manteve o seu traço oral) nada mais era do que uma estratégia para manter vivas as estórias que interessava passar para as futuras gerações.

Segundo Pierre Lévy (1990; pp 106) as representações com mais possibilidade de sobrevivência na memória humana são: 1) as representações que se relacionam fortemente entre si; 2) As representações que activam conexões de causa efeito; 3) As proposições que dizem respeito a domínios de conhecimento que são familiares aos membros das comunidades em que estão inseridos; 4) As representações que estão intimamente ligadas aos problemas da vida ou que sejam imbuídas de grande emoção.

Compreende-se agora a sobrevivência do Teorema de Pitágoras...

Certo velho de Siracusa
disse um dia para os seus netos
o quadrado da hipotenusa
é igual à soma dos quadrados dos catetos

Todas as representações e vivências que não integrassem estes critérios estavam desta forma condenadas a existir na Memória de Curto Prazo.

Ora, a escrita, alterou tudo. O registo escrito está mais próximo da Memória de Curto Prazo apesar das palavras sobreviverem para sempre. A nossa capacidade de memória ficou mais aliviada, se assim quiserem... "os longos encadeamentos de causa e efeito perdem uma parte dos privilégios de ligarem entre si as representações. As entradas em cena da acção, as apresentações dramáticas cedem parcialmente terrenos às disposições sistemáticas" (Lévy; 1990)

Em conclusão, a escrita e o registo escrito, são, sob este ponto de vista um super auxiliar de memória que estende indefinidamente a nossa memória de Curto Prazo...

Será por essas e por outras que o meu pai dizia que eu havia de ter 30 anos e não saberia a tabuada de cor e de trás para a frente? Infelizmente ele tinha razão...

terça-feira, maio 29, 2007

Fórum

Miróbriga, Santiago do Cacém

E-Learning: Atitude Positiva

A Escrita é uma Tecnologia

A escrita é uma tecnologia!

O mais interessante nessa ideia é que a escrita não é apenas uma tecnologia como as outras. A escrita é a tecnologia! Como diz Ong "a mais drástica" das tecnologias, já que a impressão e a informática apenas vieram continuar o que a escrita há muito começou e para sempre alterou...

Reparem, quando começou a democratizar-se o acesso aos livros e quando a aprendizagem da escrita foi igualmente democratizada (no caso europeu, directamente dos conventos para as escolas) a sociedade também mudou profundamente... as relações sociais também se modificaram...

Ong responsabiliza a escrita pela profunda alteração da comunicação. A comunicação que antes era exclusivamente oral (ainda que com registos escritos, estes eram profundamente "orais"), dinâmica, profundamente ligada ao momento presente, envolvendo a presença física das pessoas; passa a fazer-se no discurso escrito implicando "um espaço mudo" e intemporal... A palavra escrita sobrevive ao momento em que foi dita, pensada, escrita!! A palavra escrita sobrevive ao seu autor, chega a sítios onde este poderá nunca ter sonhado ir. A palavra escrita pode ser verdade, pode ser mentira, mas ela continua lá, imortal... por isso é importante ter um cuidado especial com o que escrevemos.

Relativamente ao facto de a escrita ser uma tecnologia... pois, eu nunca tinha pensado nisso mas faz todo o sentido. Mesmo que não ensinem uma criança a falar ela há-de adoptar um código de comunicação oral qualquer... agora se nunca a ensinarem a escrever ou a ler, efectivamente isso não vai acontecer do nada como um processo natural e humano. E a escrita, bem como o domínio do código, estão de tal forma "integrados em nós", que reparem, quem sabe ler, sempre que olhar para uma palavra num outdoor ou em qualquer outro sítio por mais improvável ou inusitado que seja, acabará sempre por decifrar essa mensagem, quer queira quer não queira. Engraçado não é?

Reflexão com base na leitura de ONG, W. (1998), Oralidade e Cultura Escrita. Campinas: Papirus.


domingo, maio 20, 2007

Find Madeleine


Muda de Vida Se Não Vives Satisfeito

Aspectos Pedagógicos e Didácticos na Concepção de MMI

Os aspectos pedagógicos já definidos deverão ser equacionados especialmente na primeira fase de concepção de MMI.

Quando encontramos a resposta às perguntas "O quê?" e para "Quem?" teremos de necessariamente definir "Como?": Como vamos apresentar a aplicação? Quais as características do público-alvo? Em que nível de desenvolvimento está? Qual o nível de literacia tecnológica? O que queremos que o público-alvo aprenda/saiba fazer?

Tendo em vista estes aspectos definiremos: como vamos apresentar os nossos conteúdos, que métodos aplicaremos, quais as estratégias que vamos colocar ao serviço da aprendizagem? O aluno/formando terá um professor ou tutor que o oriente e auxilie ou a aplicação poderá ser usada autonomamente? Como será feita a avaliação: auto-avaliação? a aplicação permite algum tipo de avaliação? ou a avaliação será feita externamente à aplicação?

Ora, a resposta a estas questões são essenciais numa primeira fase de planificação segundo Falkembach, ou na fase de concepção do projecto, na definição de Morgado e Amante (2001)...

Por outro lado, este tipo de questões, permitir-nos-á igualmente responder a uma questão fundamental apresentada pela Cláudia e que diz respeito ao modelo de aprendizagem inerente à aplicação. Por exemplo, usando o mesmo conteúdo informacional poderemos construir uma aplicação cujo modelo de aprendizagem inerente é o Behavirista, mas se formos mais além do mecanicismo nas estratégias e métodos utlizados bem como na filosofia pedagógica que abraçamos, poderemos construir uma aplicação de tipo construtivista...

Creio que este é um dos aspectos que já foquei no fórum de discussão anterior, mas a verdade é que o que não falta no mercado são aplicações multimedia que se apelidam de pedagógicas, mas que na verdade correspondem ainda aos modelos de ensino tradicional presencial. Apenas se vão adaptando às novas possibilidades tecnológicas, mas que ao fim e ao cabo, permitem pouca ou nenhuma margem de manobra a quem aprende no seu próprio processo de aprendizagem...

Total Eclypse or the Cat's Eye

quinta-feira, maio 17, 2007

Quem é Quem na Concepção de MMI?

Afinal, quem deve fazer uma aplicação multimedia pedagógica? Os professores ou os técnicos?


A minha questão não é meramente retórica. E lá vamos nós outra vez parar à questão do software no mercado que se auto-apelida de pedagógico.... E outra questão: Ainda que tenhamos uma equipa de especialistas técnicos e professores especialistas, será isso suficiente? Qual o papel dos pedagogos na constituição desta equipa? Qual o nosso papel quando acabarmos este curso, numa equipa de desenvolvimento de MMI? Creio que esta reflexão é importante para todos os profissionais da educação, mas mais ainda para nós como alunos do curso em que estamos.


Ora esta questão transporta-nos para a segunda fase da primeira etapa descrita por Amante & Morgado (2001). Na segunda fase da etapa Concepção do Projecto importa decidir quem vai estar envolvido na construção da aplicação. “O trabalho vai ser desenvolvido por um grupo de pessoas?” ou “trata-se de uma produção individual?” Vamos precisar de uma equipa multidisciplinar? Precisaremos de especialistas em programação e/ou design gráfico? Vamos pedir ajuda a professores/especialistas na temática em questão? Os aspectos pedagógicos serão avaliados igualmente por especialistas em pedagogia?

São perguntas para as quais importa encontrar respostas antes de avançar para o design da aplicação...

Storyboard - O que é? Para que serve?

O Storyboard é equivalente ao esqueleto da aplicação multimédia que pretendemos desenvolver...

No storyboard estarão representadas todas as janelas/páginas a inserir na aplicação bem como os elementos que irão constituir cada uma delas. Esses elementos poderão ir dos conteúdos informacionais às animações (imagens, vídeo, som), passando pelos botões de navegação a inserir em cada janela/página, bem como as hiperligações previstas para outras janelas ou páginas.

A concepção do storyboard assume uma extrema importância na medida em que nos permite antecipar problemas que se relacionam com os aspectos da eficiência da navegação. Por exemplo, poderemos perceber que determinada página do ecrã contém demasiada informação (visual, gráfica...), permite-nos perceber se determinada organização de conteúdos é ou não coerente, ou se poderá ser ou não intuitivamente/facilmente identificada pelo utilizador. A organização de conteúdos poderá apresentar-se segundo uma estrutura sequencial, linear, reticular ou mista e esta deverá ser desenvolvida tendo em conta o perfil do público-alvo, o seu nível de literacia e os objectivos pedagógicos da aplicação.

domingo, maio 13, 2007

O Admirável Mundo Novo e a Resistência à Mudança

Há, digamos, um receio que as tecnologias (cada vez mais interactivas, cada vez mais próximas do discurso presencial) possam de alguma forma substituir-se aos professores. Pareceu-me ver esta ideia subjacente no documento que fomos convidados a ler (Interactive Multimedia Pedagogies, pp. 184)... é naturalmente um receio infundado, uma vez que o importante é que os educadores se adaptem aos novos públicos e aos novos recursos/instrumentos e tirem daí o melhor partido possível com vista à aprendizagem.

Os novos alunos, sobretudo os jovens nascidos a partir da década de 80 estão habituados a receber informação rapidamente e a desenvolver processos e tarefas paralelas. Preferem ver gráficos antes dos textos que os acompanham e informação que surja ao acaso como o hipertexto, por exemplo. Trabalham melhor em rede/grupo; esperam gratificações instantâneas e recompensas frequentes. Preferem jogos a trabalho “sério” (Prensky, 2001). Estão os professores e as escolas preparados para estas novas aptidões? Que perfil e métodos se esperam que os professores do século XXI possam aplicar?

Não tenhamos dúvidas que a médio prazo teremos de repensar até o próprio sistema de aprendizagem. Fará sentido continuarmos a ter escolas no actual modelo de um espaço físico, um tempo próprio, um saber, um professor que ensina a todos como se fossem um só? É só uma reflexão... Não me parece credível que os professores desapareçam, mas a sua adaptação é fundamental.




Potencialidades Educativas dos MMI (Materiais Multimedia Interactivos)


  1. Interactividade na relação pedagógica;
  2. Interactividade com os materiais e objectos de aprendizagem, incluindo a manipulação de objectos;
  3. Interactividade que tende a aproximar-se cada vez mais da comunicação presencial;
  4. Possibilidade de colocação de materais em diversos formatos;
  5. Aprendizagem autónoma e não necessariamente linear. Possibilidade do estudante escolher os materais e formatos através dos quais desenvolverá a sua aprendizagem, bem como a sua ordem de apresentação;
  6. Acção em respeito pelos diversos ritmos e perfis de aprendizagem;
  7. Possibilidade de demonstrações que dificilmente poderiam ser apresentadas somente com recurso a texto e/ou discurso oral;
  8. Simulações que permitem uma aprendizagem de natureza construtivista e situada;
  9. Possibilidade de os estudantes repetirem a sequência das apresentações/materais apresentados, se assim o desejarem ou necessitarem. Fazendo uma comparação com o ensino tradicional diríamos "repetir a lição".

Um por todos e Todos por um


sábado, maio 12, 2007

As TIC como Mediadoras dos Processos de Ensino-Aprendizagem (Behaviorismo)

There is no reason why the schoolroom should be any less mechanized than, for example, the kitchen.
(Skinner, 1968)


Skinner (Cit. in Johansson & Gärdenfors; 2005) afirmou um dia que não havia razão para que uma sala de aula fosse menos mecanizada do que uma cozinha. Quarenta anos depois desta afirmação tendemos a dar-lhe mais razão, mas de que forma a teoria de aprendizagem protagonizada por Pavlov e Skinner poderá orientar-nos nesta nossa reflexão sobre o uso das tecnologias como mediadoras dos processos de aprendizagem?

Se, por um lado, podemos considerar que as leis de causa-efeito de Skinner poderão estar desadequadas do panorama educacional actual, a verdade é que os princípios das teorias comportamentalistas continuam presentes em muito do software educacional actualmente no mercado.

(...)

A liberdade, autonomia, individualidade e criatividade dos alunos são colocadas para segundo plano, senão mesmo totalmente ignoradas e a aprendizagem colaborativa e partilhada não tem espaço neste contexto.

(...)

Uma das vantagens do ensino programado (e mecanizado) apontadas por Skinner diz respeito ao facto de uma máquina nunca se aborrecer e nunca ficar impaciente apesar do número de vezes que o estudante possa falhar. A prática demonstra que de facto isso é verdade, mas o estudante, esse, pode aborrecer-se rapidamente face à repetitividade e lenta progressão para estádios superiores das tarefas. Um exemplo deste tipo de ensino programado pode ser encontrado em variadíssimo software aplicado à aprendizagem de línguas estrangeiras.

As TIC como Mediadoras dos Processos de Ensino-Aprendizagem (Cognitivismo)

Os seres humanos são processadores biológicos de informação. A informação é realidade duplamente codificada.
(Capurro, 1991)

A revolução Cognitivista da segunda metade do século XX surgiu como reacção à instrumentalidade behaviorista e ao facto desta corrente ignorar o funcionamento dos mecanismos internos da mente durante o processo de aprendizagem; daí surgem os testes psicométricos e as medições de Q.I.

Há ainda na perspectiva cognitivista uma postura activa do sujeito que aprende, na medida em que este constrói activamente as suas formas de saber (Lourenço, 2005). Assim, segundo esta corrente, da qual as Teorias do Processamento da Informação (TPI) são as mais representativas, o cérebro humano pode ser encarado como um complexo “aparelho” de processamento de informação.

(...)

Esta corrente teórica e as investigações que a acompanharam sobre o trabalho da memória na apreensão de informação, influenciaram bastante as teorias de aprendizagem. Por exemplo, as investigações concluíram que a aprendizagem era melhorada se os conteúdos (inputs) fossem apresentados de forma a não sobrecarregar a memória de curto prazo, complementando com tarefas secundárias, introduzindo um pequeno número de variáveis de cada vez e evitando usar representações incoerentes entre si (Johansson & Gärdenfors; 2005). O que se pretende é que os sujeitos tenham tempo suficiente para “alojar” as aprendizagens em “local seguro” (MLP) de forma a ser-lhes mais fácil, perante um novo input, estabelecer relações entre novo o “material” e o conhecimento já “armazenado”.

Nas escolas, as componentes de aprendizagem tais como o ensaio, a narração e a recitação são associadas às teorias do processamento de informação.

(...)

Os interfaces de multimédia interactiva representam hoje uma boa ferramenta de aprendizagem que pode ser aplicada no contexto da corrente que discutimos presentemente, já que nos possibilita, de forma faseada, a apresentação de representações múltiplas em vários formatos (combinando gráficos, animações, textos, imagens, aúdio e vídeo) e possibilitam que os alunos interajam, seleccionem, manipulem e combinem estas representações (Scaife e Rogers, 2005).

As TIC como Mediadoras dos Processos de Ensino-Aprendizagem (Abordagem Sócio-Cultural e Cognição Situada)

If we take learning to be a process of enculturation, it is possible to clarify this distinction and to explain why much school work is inauthentic and thus not fully productive of useful learning.
(Brown, Collins e Duguild, 1989)

(...)

A presente perspectiva sugere que o sujeito que aprende é parte de um grupo social e cultural e que lhe deve ser permitido questionar, descobrir e compreender o mundo a partir das interacções com os demais elementos do seu contexto. Desta forma, o papel do professor é o de favorecer a convivência social, estimulando a troca de informações e a construção de um conhecimento colectivo e partilhado.

(...)

A motivação para este procedimento é que trabalhando na resolução de problemas um pouco mais acima das suas capacidades presentes aumenta a velocidade do desenvolvimento dos estudantes (Johansson & Gärdenfors; 2005).

Admitindo o papel fundamental na aprendizagem do mundo externo ao sujeito está igualmente a corrente que defende a Cognição Situada (Brown, Collins & Duguild, 1989), que ao contrário das correntes cognitivistas não se centra nos conteúdos do que é apreendido, mas nas práticas envolvidas.

É na base da dicotomia Saber/Fazer que Brown, Collins e Duguild apontam as fragilidades da escola; a escola que instrui, mas que não forma, a mesma escola que se limita a transferir conteúdos descontextualizados dos conceitos formais. A prática em contexto real ou simulada, facilita por seu turno, o contacto com as ferramentas (conceitos) que segundo os autores só podem ser inteiramente compreendidas através do seu uso, e usá-las envolve a mudança de visão do utilizador acerca do mundo. A aprendizagem implica então um processo de transformação que se desenvolve ao longo da vida, resultante das nossas acções sobre o meio/contexto.

Considerando o papel fundamental dos outros indivíduos e do contexto na aprendizagem de cada sujeito, importa referir que as teorias sócio-culturais apontam para a criação de Comunidades de Aprendizagem. (...)

(...)

A Internet, o hipertexto e sobretudo as ferramentas de comunicação e produção designadas por web2.0 (blogs, wikis, plataformas de e-learning, fóruns de discussão, canais de conversação síncrona, etc) potenciam autênticos Ambiente Virtuais de Aprendizagem (AVE), onde estudantes e professores podem interagir em domínios específicos.

As simulações por computador, a inteligência artificial, os mundos virtuais e os avatares são campos férteis para a prática educativa que poderão ser aplicados a qualquer campo do conhecimento das ciências humanas às ciências exactas. O professor é nesta perspectiva encarado como um parceiro do processo de ensino-aprendizagem, um coordenador do processo, em vez de ser o centro do conhecimento e da informação que se encontra nos contextos reais, virtuais ou simulados.

The road is long


As TIC como Mediadoras dos Processos de Ensino-Aprendizagem (Teorias Construtivistas)

"Não é suficiente que o aluno saiba que errou, é preciso também ter elementos para avaliar a qualidade do erro".
Jean Piaget

Embora não possamos falar de uma Teoria Construtivista - o construtivismo é uma amálgama de teorias (Piaget, Gibson, Glasersfeld, Driscoll, Linn, Jong) - poderemos focar Jean Piaget como o seu grande impulsionador.
(...)

Para Piaget a acção do sujeito é peça fundamental da aprendizagem. Aprender a agir sobre o mundo e descobrir as consequências dessa acção está na base do próprio pensamento (…) As acções ocorrem num dado ambiente, assentam sobre objectos que constituem o mundo da experiência e são orientadas por objectos. O conhecimento emerge das acções e da reflexão do sujeito sobre elas (Lourenço, O. 2005). Daqui é sugerida uma autonomia do sujeito que aprende, sendo ele próprio o motor de desenvolvimento da sua aprendizagem (e não tanto partindo da interacção com os outros) sendo o foco educativo a transformação interna.

(...)
No que respeita à aplicação prática do construtivismo através de aplicações tecnológicas poderemos considerar o uso de Sistemas Tutores Inteligentes (STI) e tarefas que potenciem o desenvolvimento de competências de argumentação, resolução de problemas, pensamento crítico e aprendizagem auto-regulada; por outras palavras, tarefas que potenciem uma aprendizagem independente (o método clínico de entrevista levado a cabo por Piaget é bem exemplificativo deste tipo de abordagem).

Driscoll (Cit. in Johansson & Gärdenfors; 2005) identificou cinco condições da aprendizagem sob a perspectiva construtivista: 1) envolver a aprendizagem em ambientes complexos, realistas e relevantes; 2) estimular a negociação social como parte integrante da aprendizagem; 3) apoiar perspectivas múltiplas e o uso de múltiplos modos de representações; 4) encorajar a apropriação da aprendizagem, favorecendo a participação do estudante na construção do seu próprio conhecimento e 5) alimentar a auto-consciência do processo de construção da aprendizagem. Uma excelente aplicação prática destes princípios é a aplicação de PBL (Problem Based Learning). Nesta actividade, os estudantes deverão escolher um problema, trabalhar em grupo, tomar uma decisão através da revisão do material que têm disponível, apresentar e discutir diversas perspectivas e respectivas soluções para o problema e, por fim, construir e argumentar a sua própria decisão.

Ver Vídeo

As TIC como Mediadoras dos Processos de Ensino-Aprendizagem (Conclusão)

As actuais práticas educativas não são inspiradas numa única teoria de aprendizagem no que concerne ao uso de tecnologias de informação e comunicação. Se é verdade que alguns educadores e professores tentam fazer uso do melhor de várias teorias, também é verdade que outros profissionais da educação e fabricantes de software supostamente educativo, continuam a apostar em designs, teorias e métodos que teimam em menosprezar o papel das (pré)aprendizagens individuais, do contexto sócio-cultural no qual os educandos estão envolvidos e mesmo de uma relação pedagógica que se deseja saudável e motivante.

Johansson e Gärdenfors (2005) comparam o desenvolvimento e a implantação de uma teoria da aprendizagem que centre em si os melhores e mais recentes produtos das investigações da psicologia e das neurociências com o desenvolvimento da medicina: antes da medicina moderna ter sido desenvolvida, havia um largo campo de medicina tradicional – práticas para tratar doenças que eram baseadas numa mistura do conhecimento tradicional dos efeitos de várias plantas e tratamentos baseados em mitos e superstições, sem qualquer controlo científico.

Os autores concluem que o campo educacional tem sido praticado ao nível da medicina tradicional, afirmando que a pedagogia ainda não encontrou o seu Pasteur. Assim, a maioria das práticas educativas são ainda motivadas por uma combinação entre psicologia tradicional e uma referência de tradições que conduzem a inconsistências e a recomendações potencialmente perigosas.

(...)