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sábado, fevereiro 03, 2007

Ensino a Distância - O que não é possível ignorar? (III)


Associado à indefinição do que é "Ensino a distância" surgiram nos anos 90 (fruto do imenso salto tecnológico e digital e da consequente democratização do mesmo) uma série de termos que muitas vezes se confundem entre si. Keegan (1996) ajuda-nos a compreender o alcance e as limitações de cada uma destas formas. A saber:

a) Educação a Distância;
b) Open Learning / Open Education;
c) Aprendizagem Flexível (Flexible Learning);
d) Open and Distance Learning;
e) Open Distance Learning.



A Educação a Distância é uma forma/modelo de educação, neutro quanto às metodologias adoptadas. Alguns cursos nesta modalidade são abertos, outros são fechados, o que só por si não nos dá uma clara definição de Educação à Distância.

Na opinião de Keegan e Rumble as "Universidades Abertas" deveriam mais correctamente designar-se de "Universidades de Ensino a Distância". Acontece que o termo "Aberta" parece dar maior prestígio (talvez relacionado com o efeito psicológico que provoca na nossa mente) e dessa forma tem sido alimentado e mantido.

McKenzie (cit. in Keegan. 1996) adverte para o facto da expressão "Open Learning" poder gerar algumas confusões e indefinições. Afinal, o que é "aberto"? - os educadores são abertos? os alunos são abertos? as políticas administrativas das instituções são liberais? Por aqui se vê o tipo de confusões que esta expressão pode provocar... Não obstante, a verdade é que "Open Learning" não descarta em si as condições necessárias ao ensino presencial. Muitas das ditas "Universidades Abertas" têm estruturas rígidas e fechadas, inflexíveis e lentas a responder às necessidades da comunidade educativa, fixam prazos de entrega de trabalhos e padrões de acesso (Keegan).

Efectivamente, "Open Learning" e "Distance Education" não são sinónimos.

Flexible Learning é um conceito próximo de "Open Learning". Brande (cit. in Keegan) define-o como um sistema em que os alunos aprendem quando querem (frequência, timing, duração) e como querem (métodos de estudo utilizados). Estas características podem ser comuns ao Ensino a Distância, acrescentando-se mais uma característica - os alunos podem escolher onde querem estudar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Ana
Gostaria de comentar a questão do "open learning" que introduz nesta sua síntese para ajudar a compreender alguns aspectos que lhe estão subjacentes.O conceito de ensino aberto está muito conotado com o ensino a distância, constituindo quase um slogan do mesmo. A raiz desta confusão advém, segundo algumas interpretações, da criação da Open University britânica (1969), no momento em que efectua a alteração da sua designação de “University of the Air” para “Open University” (Perry, 1976), fundamentando-se e concretizando-se este modelo naquilo que se tornou a matriz identitária da instituição, os já célebres quatro opens:
* «open as to people»;
* «open as to places»;
* «open as to methods»
* »open as to ideas» (como refere o seu 1º reitor, Daniel, 2001: 1) .
O seu sucesso e implantação na sociedade não podem, contudo, ser explicados sem ter em consideração o contexto social daquele país na época e, nomeadamente, três factores que explicariam o seu desenvolvimento e sucesso: em primeiro lugar, a experiência que o país já possuía no campo do ensino a distância e a existência de uma infra-estrutura de suporte (por exemplo, a nível do serviço postal); em segundo lugar, o acesso à universidade era extremamente rigoroso, com um sistema de selecção eficiente e que actuava ao longo do próprio ensino secundário, surgindo a Open University, para muitos, como a única oportunidade de acesso ao ensino superior; finalmente, o modus operandi da Open University, que assentou desde a sua criação em critérios universitários de grande qualidade, ou seja, quer os professores quer os autores de programas de ensino e materiais encontravam-se entre os maiores especialistas do mundo académico.
Este sucesso gerou, naturalmente, um movimento global de adopção da denominação (open university) por parte das novas instituições criadas, (embora existam algumas excepções), embora aquele conjunto de condições sociais e políticas não tenha tido paralelo nos países onde foram criadas.

Este movimento prolongar-se-á por várias décadas, assistindo-se ao denominado “movimento das universidades abertas” e ao surgimento de «instituições clones», tendo mesmo as universidades de criação mais recente adoptado a designação na tentativa de herdarem toda a representação socialmente construída (o grande modelo) e absorver desse modo o prestígio do termo associado à Open University britânica (Keegan, 1996; Moore & Kearsley, 1996). Se a adopção do termo aberta por estas instituições nasce da visão da necessidade em remover barreiras, é necessário ter presentes as palavras de Holmberg, um dos pioneiros do ensino a distância:
«distance-teaching universities are usually called ‘open’ even if, as far as access is concerned, they are no more open than traditional universities» (1996: 563).

Até breve
Lina Morgado