a) cenário tecnocrata – as escolas fazem pequenos ajustes de adaptação, introduzindo a alfabetização digital nos currículos, cujo objectivo é aprender sobre as TIC e com as TIC;
b) cenário reformista (três níveis de integração) – aprender sobre as TIC e com as TIC, introduzindo nas práticas docentes novos métodos de ensino/aprendizagem com base num modelo de aprendizagem construtivista que contemple o uso das TIC como instrumento cognitivo e realização de actividades interdisciplinares e colaborativas;
c) cenário holístico: reestruturação de todos os elementos que compõem a teoria e prática pedagógica com base nas novas necessidades económicas, sociais e culturais.
De entre os novos desafios que se colocam à educação poderemos ainda considerar diferentes vertentes sobre as quais deveremos estar atentos e às quais deveremos responder[1]:
a) uma vertente ética e relacional, na qual se integram as questões referentes aos direitos de autor e de protecção da propriedade intelectual, dado a aparente (ou efectiva?) falta de controlo sobre os downloads ilegais e a apropriação indevida de conteúdos;
b) uma vertente metodológica, que implica que se deixe de ensinar os nativos digitais com velhos métodos;
c) uma vertente comunicacional, que respeita não apenas ao surgimento de uma nova linguagem mas também à possibilidade de uso de novos meios tecnológicos como mediadores da comunicação educacional;
d) uma vertente de equidade já que é importante não esquecer que o acesso às tecnologias não é tão democrático quanto à priori se possa pensar e está condicionado por factores de maior ou menor capacidade económica das famílias, que na pior das hipóteses pode conduzir a um novo nível de exclusão: a exclusão digital e a info-exclusão;
e) uma vertente institucional que provavelmente terá de repensar as estruturas escolares com espaços e tempos bem definidos e rígidos, para um outro tipo de organização mais representativo da sociedade actual ao invés de continuar a manter o modelo industrial;
f) uma vertente sistémica, que deverá equacionar a possibilidade de uma maior autonomia das escolas e dos professores face à tutela, uma vez que é necessário considerar que cada escola está inserida no seu próprio contexto geográfico, económico e social e que um programa e estratégias que servem a uma escola no centro de Lisboa pode não ser minimamente adaptado a uma escola da Damaia ou de uma aldeia do Alentejo profundo e por fim g) numa vertente ontológica, sob a qual é urgente ultrapassar a tecnofobia de alguns elementos da classe docente que vêem nas tecnologias e na Internet uma ameaça às suas funções.
Assim, as TIC devem ser encaradas como aliadas da educação, dos professores e dos métodos utilizados como mais uma estratégia de chegar mais perto dos alunos e fazer cumprir os objectivos de aprendizagem e não como ameaças à função docente.
(...)
[1] Adaptado das conclusões retiradas do último debate de ESR, no wiki “Novos Desafios Educativos”.
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