Acerca de mim

A minha foto
Lisboa, Portugal
Uma eterna estudante...

terça-feira, maio 29, 2007

A Escrita é uma Tecnologia

A escrita é uma tecnologia!

O mais interessante nessa ideia é que a escrita não é apenas uma tecnologia como as outras. A escrita é a tecnologia! Como diz Ong "a mais drástica" das tecnologias, já que a impressão e a informática apenas vieram continuar o que a escrita há muito começou e para sempre alterou...

Reparem, quando começou a democratizar-se o acesso aos livros e quando a aprendizagem da escrita foi igualmente democratizada (no caso europeu, directamente dos conventos para as escolas) a sociedade também mudou profundamente... as relações sociais também se modificaram...

Ong responsabiliza a escrita pela profunda alteração da comunicação. A comunicação que antes era exclusivamente oral (ainda que com registos escritos, estes eram profundamente "orais"), dinâmica, profundamente ligada ao momento presente, envolvendo a presença física das pessoas; passa a fazer-se no discurso escrito implicando "um espaço mudo" e intemporal... A palavra escrita sobrevive ao momento em que foi dita, pensada, escrita!! A palavra escrita sobrevive ao seu autor, chega a sítios onde este poderá nunca ter sonhado ir. A palavra escrita pode ser verdade, pode ser mentira, mas ela continua lá, imortal... por isso é importante ter um cuidado especial com o que escrevemos.

Relativamente ao facto de a escrita ser uma tecnologia... pois, eu nunca tinha pensado nisso mas faz todo o sentido. Mesmo que não ensinem uma criança a falar ela há-de adoptar um código de comunicação oral qualquer... agora se nunca a ensinarem a escrever ou a ler, efectivamente isso não vai acontecer do nada como um processo natural e humano. E a escrita, bem como o domínio do código, estão de tal forma "integrados em nós", que reparem, quem sabe ler, sempre que olhar para uma palavra num outdoor ou em qualquer outro sítio por mais improvável ou inusitado que seja, acabará sempre por decifrar essa mensagem, quer queira quer não queira. Engraçado não é?

Reflexão com base na leitura de ONG, W. (1998), Oralidade e Cultura Escrita. Campinas: Papirus.


Sem comentários: