Andei a pensar sobre a questão da avaliação de competências do e-estudante....
Se considerarmos a típica taxonomia de Bloom, parece simples avaliar o domínio cognitivo mas aparentemente é complicado avaliarem-se as competências nos domínios psicomotor e sócio-afectivo. Acontece que sentimos exactamente as mesmas dificuldades em regime presencial ;).
É possível fazer um levantamento +/- exaustivo dos instrumentos que poderemos utilizar no e-learning para avaliar cada um desses domínios, tal como aprendemos em AAO e em EAT, mas tomarei aqui uma outra perspectiva. Uma perspectiva integradora e articulada de avaliação do saber/saber, saber/fazer, saber/ser-estar (Okada & Almeida, 2006).
Na verdade o e-learning até tem algumas vantagens face ao presencial. Em regime de e-learning o professor consegue acompanhar o percurso individual do aluno "por dentro" da situação.
A observação de alguns indicadores permite-nos essa avaliação integradora (Okada & Almeida, 2006), a saber: a) autonomia do aluno; b) relação teoria-prática; c) dimensão individual e colectiva e d) afectividade.
a) O aluno autónomo envolve-se nas actividades propostas, identifica as suas dificuldades e disponibiliza-se para pensar em alternativas. Compromete-se, questiona, solicita apoio. Revê as suas estratégias e partilha-as. O professor pode verificar se o aluno está a desenvolver a sua autonomia questionando-o sobre a sua evolução e passando para ele a tarefa interna de se acompanhar a ele próprio.
b) Teoria e prática estão necessariamente interligadas, assim como os processos de conhecer e agir. No processo de aprendizagem relacionam-se os conhecimentos prévios (background) e as experiências de vida com as dúvidas e incertezas. A capacidade de relacionar a teoria com a prática implica também a habilidade de procurar alternativas/respostas, como a de questionar; implica emoções com pensamentos, escrita com leitura, planeamento com execução, reflexão com diálogo, exteriorização com interiorização, possibilitando desta forma a integração do conhecer-ser-fazer.
c) Dimensão individual e colectiva: cada aluno é diferente, singular na forma de ser, sentir e agir. As interacções nos fóruns entre os participantes permitem observar o todo que compõe as construções, as trocas, as colaborações e as produções colectivas. Sem contudo esquecer as dimensões, com naturezas necessariamente diferentes, do todo e de cada uma das partes.
d) A afectividade está sempre presente em todas as interacções humanas independentemente do meio que se interpõe entre elas e é também a afectividade que em grande parte define as circunstâncias, o clima, o ambiente em que se desenvolve a aprendizagem. Sentir e pensar estão imbricados um ao outro e permeiam o processo de ensino-aprendizagem (…) abrindo espaço (…) para o envolvimento e para o prazer resultante de aprender.
Okada, A; Almeida, F (2006). Avaliar é bom, avaliar faz bem. Diferentes olhares envolvidos no ato de aprender. Pp267-287. Avaliação da Aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola
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